04 Entrevista: Empresas familiares e as oportunidades para os Profissionais de RH
04 Entrevista: Empresas familiares e as oportunidades para os Profissionais de RH

Empresas familiares podem gerar oportunidades para profissionais de RH?
Para responder essa pergunta, convidamos Eduardo Najjar parceiro da Joint Job Network.
EDUARDO NAJJAR – Mini Biografia
Atua em projetos de consultoria para negócios familiares desde 1995.
Mediador formado por uma das principais Instituições de Ensino do Brasil, mentor e professor de negociação e resolução de conflitos.
Aconselha famílias em sua comunicação interna, mediando conversas difíceis e processos construtivos para alinhamento do diálogo entre empresários, sócios, familiares e herdeiros.
Auxilia famílias empresárias e seus negócios na proteção do patrimônio, melhoria da gestão empresarial, planejamento do Processo de Sucessão, criação de sistemas de Governança Familiar e Governança Corporativa, implantação e revisão de Conselhos de Administração e Conselhos Consultivos.
Professor da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing desde 1980.
Autor de pesquisas, estudos e livros sobre o tema Negócios Familiares.
Fundador e diretor-sócio da Macro Transição – Educação e Desenvolvimento de Empresas e Organizações.
Joint Job Network
A Joint Job Network é um marketplace de consultorias e consultores que conecta as demandas dos RHs e das empresas aos melhores fornecedores e especialistas no mercado.
Trabalhamos com uma rede extremamente qualificada e reconhecida em seu mercado de atuação. Acompanhamos as tendências do futuro do trabalho, para apoiar as empresas com as melhores soluções de mercado.
Possuímos mais de 70 consultorias homologadas e mais de 280 empresas atendidas no modelo de trabalho em rede.
Confira a Entrevista Completa
Empresas familiares podem gerar oportunidades para profissionais de RH?
WHR Knowledge: Antes de tudo, gostaríamos de agradecer a sua disponibilidade e por compartilhar seu conhecimento, pois sabemos que será extremamente útil para profissionais de RH que querem entender o movimento que vem ocorrendo em empresas familiares e as oportunidades que podem surgir.
WHR Knowledge: Como você percebe a abertura das empresas familiares por consultoria especializada em Recursos Humanos? Essas empresas já estão com CEO de mercado ou é a família fazendo a gestão?
Eduardo Najjar: Eu que agradeço essa oportunidade e fico feliz em saber que essa entrevista poderá contribuir para a carreira de profissionais da área de RH, em empresas familiares.
Vamos as respostas. Empresas familiares são muito conservadoras em suas tomadas de decisão.
Sessenta a setenta por cento delas foram fundadas por imigrantes que chegaram ao Brasil em busca de oportunidades, que seus países não ofereciam à época por diversas questões (guerras, pouca abertura para empreendedores, falta de insumos, por exemplo).
Fundadores e fundadoras iniciaram seus negócios com capital reduzido, mão de obra intensiva representada pela própria família e amigos próximos (pessoas de confiança de fundadores e fundadoras) e uma vontade imensa de aplicar sua criatividade, conhecimento, inteligência comercial e força de trabalho na criação de uma fonte de renda para a família.
Na maioria dos casos construíram verdadeiros impérios empresariais que geram até hoje (com raras exceções) uma ótima qualidade de vida para as famílias, emprego e renda para milhares de trabalhadores no Brasil.
Não raro encontramos hoje no Brasil empresas familiares fundadas há mais de sessenta e setenta anos. Existem empreendimentos fundados há mais de cem e cento e vinte anos.
Frente ao grande número de empresas que operam no Brasil, ainda é bem reduzida a quantidade delas que possuem gestão “profissionalizada”.
Na grande maioria a sucessão geralmente é tratada como um ponto e não como um processo. Fundadores e fundadoras centralizam as decisões acabam abrindo espaço para novas lideranças (seja da família ou do mercado) somente em situações extremas de saúde ou acontecimentos equivalente.
Frente a este cenário o profissional de RH pode ter um papel de grande importância para a sensibilização e desenvolvimento dos processos de sucessão nessas famílias empresárias e suas empresas.
Confiança, competência e resiliência são as palavras-chave para que o profissional de RH aproxime-se de uma empresa familiar e consiga implementar melhorias de qualidade na gestão do quadro de colaboradores, construção de imagem da empresa no mercado como “um bom lugar para se trabalhar”, gerar portanto ganhos de produtividade nas principais áreas do negócio como administração, gestão de pessoas, finanças, comercial, produção, logística.
À medida que esse profissional apresentar resultados de seu trabalho que aumentem o valor do negócio, aumentará a taxa de confiança na relação com o(a), a fundadora e com gestores-familiares.
Estará aberto o caminho para que possa se tornar um “coach” informal desses personagens e na sequência poderá aproximar-se dos membros da família empresária para aconselhar a implantação de um Conselho (Conselho Consultivo, Conselho de Administração e também Conselho de Família como veremos mais adiante nesta entrevista), sugerir trabalhos de formação de herdeiros, por exemplo.
WHR Knowledge: Quais são as dores das empresas familiares relacionadas a área de RH, que fazem com que elas busquem consultoria especializada?
Eduardo Najjar: As necessidades estão localizadas no campo estratégico dos negócios familiares e também nas diferentes áreas da gestão.
Especificamente em RH temos necessidades crônicas.
Por exemplo empresas de porte médio que continuam operando apenas com Departamento Pessoal sem a preocupação com o treinamento e desenvolvimento de colaboradores.
Dificilmente existe uma liderança em RH ou seja um(a) profissional de mercado com visão da importância do fator humano para aumentar a competitividade da empresa.
Outro desafio está no quesito remuneração. Na maior parte dessas empresas não há a preocupação com a estruturação de um plano de cargos e salários por exemplo.
Nem sempre os dirigentes estão atentos com a retenção de talentos, e em manter a imagem da empresa como um bom exemplo para aceleração da carreira de jovens profissionais com potencial.
WHR Knowledge: Quais foram os serviços mais procurados em 2023 e qual a expectativa para 2024?
Eduardo Najjar: Governança e sucessão foram as maiores demandas em 2023, e que provavelmente serão o carro-chefe dos projetos para este ano.
Governança e sucessão foram as maiores demandas em 2023, e que provavelmente serão o carro-chefe dos projetos para este ano.
Governança Familiar ou seja, organização societária de toda a família, implantação do Protocolo Familiar (conjunto de regras para toda a família, também chamado de constituição familiar); implantação do Código de Ética que condensa e apoia o desenvolvimento dos valores familiares; implantação do Conselho de Família.
O Conselho de Família é um órgão da Governança Familiar que atua como “o algodão entre os cristais” na relação da família-empresária com o negócio propriamente dito.
Uma ferramenta para mediação de possíveis conflitos entre familiares-sócios; para implantação de programas educacionais de formação dos familiares para compreenderem e exercerem o papel de sócios; para a realização de programas de integração da família empresária com vistas à preservação e perenidade do Patrimônio comum da família de geração para geração.
Governança Corporativa que apoia a organização política e técnica da estrutura da empresa; planejamento estratégico; desenvolvimento de instrumentos de compliance e de análise econômico-financeira; estruturação da área de RH para desenvolvimento de equipes e colaboradores-chave; apoio ao desenvolvimento contínuo da equipe comercial; análise de riscos empresariais (mapa de riscos); análise da estratégia tributária da empresa (sempre em foco pela desorganização do governo no tocante à questão dos tributos); aspectos relacionados à inovação em produtos e serviços.
Finalmente, mas não menos importante a criação do Conselho Consultivo ou Conselho de Administração que coordenará os esforços empresariais e orientará as trilhas de desenvolvimento do negócio, a médio e longo prazo
WHR Knowledge: Pensando nos serviços mais procurados, quais dicas você daria para profissionais de RH em empresas familiares, para que eles suportem a transformação relacionada a gestão de pessoas?
Eduardo Najjar: Reforçando algumas idéias que comentei anteriormente, por seu próprio perfil o profissional de RH deverá desenvolver esforços para trabalhar em bases de confiança com o(a) fundador(a) e sua família.
Essa é a moeda de troca com negócios familiares em transição para alcançar um nível ideal de profissionalização. Vencida essa etapa é muito importante que uma estrutura próxima a um Conselho seja implementada para orientar esforços da empresa a partir de um órgão que reúna periodicamente e disciplinadamente os melhores cérebros da empresa e até – eventualmente – especialistas externos de confiança do presidente/dirigentes.
Para a maioria dos negócios familiares essa será uma tarefa suficiente para encaminhar a melhoria dos resultados no ano de 2024.
Uma palavra sobre formação para o profissional de RH. Em sua busca por desenvolvimento contínuo – life long learning – fará muito sentido participar de formações voltadas ao movimento de Governança Corporativa.
Entenda-se por formação a participação em cursos, palestras, grupos de estudos específicos, contato com membros de Conselhos Consultivos e Conselhos de Administração, contatos com CEO’s para discutir assuntos pertinentes à estratégia de negócios, planejamento estratégico, implementação de áreas de Gestão de Pessoas voltadas ao resultado do negócio e temas equivalentes.
Esta observação faz parte de minha crença de que a função Gestão de Pessoas e portanto as áreas de RH devem cada vez mais, atuar próximas aos executivos do topo da estrutura organizacional dos negócios.
O tão falado bordão “pessoas são o ativo mais valioso das empresas” ainda precisa ser colocado em prática na maior parte das empresas e principalmente no nicho dos negócios familiares.
Profissionais de RH bem formados em termos teóricos e práticos terão grande chance de tornarem-se os agentes dessa importante mudança de rumo no cenário empresarial nacional.
Conclusão para Profissionais de RH
Os negócios familiares no Brasil constituem um nicho muito valioso e pouco explorado no sentido da melhoria de performance e aumento de rentabilidade, com o objetivo de proteger e tornar perene o patrimônio das famílias que os controlam.
A transição da primeira para segunda geração ainda está ocorrendo/virá a ocorrer em muitos desses negócios.
O melhor cenário é que essa transição (processo de sucessão) ocorra planejadamente para que não venha a acontecer a partir de um episódio que envolva problemas de saúde do(a) fundador(a) ou de dirigentes familiares.
O profissional de RH pode ocupar o papel estratégico junto a Família Empresária para a profissionalização da empresa.
Caberá ao profissional encontrar a forma de tratamento das necessidades dessas famílias/empresas sempre com visão de passagem saudável do patrimônio, de geração para geração.
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