16 Entrevista: Assessment, tudo que você precisa saber!

16 Entrevista: Assessment, tudo que você precisa saber!

WHR Knowledge
5 de agosto de 2024
16 Entrevista: Assessment, tudo que você precisa saber!

Assessment é uma ferramenta que pode ser utilizada no processo de desenvolvimento de pessoas e construção de equipes de alta performance.

Essa ferramenta auxilia na identificação de competências, no desenvolvimento de talentos e na retenção de profissionais.

No entanto, a implementação eficaz dessa ferramenta pode ser um desafio para muitas empresas.

Para nos ajudar a entender mais sobre essa ferramenta, convidamos Thaís Pegoraro e Ricardo Welikson, ambos sócios da Exec:

Bio: Thaís Pegoraro

Thais é empreendedora e executiva com mais de 25 anos de experiência em empresas de consultoria, em duas das mais importantes operações de busca, treinamento e desenvolvimento de executivos e conselheiros do Brasil, além de figurar como parceiro do RH para impulsionar as melhores práticas de gestão do capital humano e cultural, para empresas médias e grandes, inclusive familiares em grau de profissionalização, pelos últimos 20 anos.

Atualmente, Thais Pegoraro é sócia da EXEC e também atua como conselheira, palestrante e facilitadora de treinamentos e vivências para a Gestão do Capital Humano e Cultural das empresas.

Bio: Ricardo Welikson

Ricardo Welikson é administrador de empresas com pós graduação em Neurociência e Comportamento e conta com mais de 20 anos de atuação na área comercial e desenvolvimento de novos negócios em diferentes setores, além de ter experiência internacional, acadêmica e profissional – estudou em Michigan, nos EUA, e mais recentemente, trabalhou em Monterrey, no norte do México. 

Atualmente, Ricardo é sócio da EXEC cobrindo a indústria de Private Equity e Real Estate.

Eles compartilharam conosco insights que certamente enriquecerão a prática de assessment em suas organizações.

Confira a Entrevista Completa: Assessment, tudo que você precisa saber!

WHR Knowledge: Antes de tudo, agradecemos a participação de vocês! Temos a certeza de que essa entrevista será enriquecedora.

Para começarmos, e deixar todos na mesma página. O que é assessment?

Ricardo Welikson: Nós que agradecemos o convite e a oportunidade de compartilhar a nossa experiência com vocês.

Vamos direto ao ponto, assessment, do termo em inglês, é uma avaliação. Na prática, trata-se de um processo de avaliação sistematizado que reúne um conjunto de técnicas e aplicação de ferramentas que, a partir de uma análise dos comportamentos observáveis, permitem identificar competências e o potencial de um profissional.​

Como resultado, fornece uma visão panorâmica do colaborador, seus aspectos positivos e pontos a desenvolver, apoiando a empresa na tomada de decisões com relação ao seu Capital Humano. ​

Thaís Pegoraro: Eu apenas acrescentaria que Assessment Executivo quer dizer medir, metrificar, aspectos técnicos e comportamentais, de prontidão e performance, de um indivíduo, time ou empresa.

Pode ser contratado para que consultorias externas o façam, ou podem ser feitos dentro da empresa, pelo próprio RH, gestor ou time designado.

 

WHR Knowledge: Poderia nos contar um pouco sobre sua experiência e trajetória com essa ferramenta?

Thaís Pegoraro: Nossa expertise para a entrega de assessments na EXEC, dado o público que atendemos, de alta liderança, já representa mais de 50% do nosso portfólio de entregas.

Isso denota que o assessment executivo geralmente é um excelente ponto de partida para qualquer outro trabalho que a empresa vá implementar quanto ao tema de gestão da capital humano – da eleição dos treinamentos que serão prioridade no ano, até a busca de novas expertises nos processos de contratação.

Ricardo Welikson: Bem, eu estou inserido na indústria de recrutamento há 13 anos. Mas há 4 anos eu passei a ‘mergulhar’ no universo de assessments, inicialmente acompanhando sócias da área de Gestão do Capital Humano da EXEC, consultoria da qual também sou sócio, na condução dos projetos de assessments em diferentes ocasiões.

Entendi, então, quais eram os melhores instrumentos para serem utilizados e me certifiquei em alguns deles. Considero uma ferramenta fundamental a ser utilizada, seja para avaliação de potencial, seja para sucessão ou mesmo para processos de search, dado que ela mitiga risco em uma escala considerável. Importante notar que a experiência de recrutamento ajuda na aplicação do assessment e vice-versa, à medida em que já trazia comigo alguma ‘quilometragem’ na avaliação do comportamento humano.

Por fim, em 2022 eu desenvolvi o Assessment do Capital Humano (Human Capital Due Diligence), que foi elaborado para o uso de fundos de private equity, venture capital e casas de M&A quando se trata da avaliação de empreendedores e empreendedoras no momento em que se avalia um ativo para investimento.

Embora saibamos que conhecer os fundadores e seus comportamentos esperados é fundamental, o Brasil, com exceções de alguns fundos, ainda não adotou essa ferramenta como algo mandatório em suas avaliações.

 

WHR Knowledge: Como os assessments podem ser integrados de forma eficaz no processo de desenvolvimento de pessoas?

Thaís Pegoraro: Quando um cliente me procura para a realização de um processo de assessment, a primeira pergunta na mesa é sempre: “Para que fazer o assessment nesse momento?”.

Isso porque muitas vezes a área de recursos humanos tem um orçamento para ser utilizado no ano, e o assessment executivo parece ser um bom ponto de partida – relativamente simples, gera um entregável concreto para a empresa (relatório comparativo daquele executivo ou daquele time), gera um entregável concreto para o executivo (relatório individual de assessment), e pode ser o prenuncio de uma consistente jornada de desenvolvimento humano para aquelas pessoas: medir comportamentos, gerenciar hiatos de desenvolvimento, enaltecer pontos positivos, pô-los a serviços do time e da empresa, e acompanhar a evolução.

Contudo, nem sempre é assim, Muitas empresas não sabem o “para quê” medir, não concatenam isso com uma jornada maior de desenvolvimento, o executivo se sente exposto e pouco valorizado, e isso alimenta o medo e a queda de performance nesse profissional.

Por outro lado, quando o cliente tem claro o “para quê” medir: se há um processo de mapeamento sucessório, se há novos desafios no prato daquele executivo que exigem que ele seja apoiado por ferramentas e rituais de desenvolvimento, ou há um investimento constante da empresa nos profissionais, como parte do processo de marca empregadora e de EVP, o processo de assessment costuma se tornar um grande investimento da companhia, e não um custo da área de RH.

 

WHR Knowledge: Quando utilizar consultoria externa e quando realizar internamente um assessment?

Thaís Pegoraro: Dado o perfil sênior dos profissionais que atendemos, e da confidencialidade das suas cadeiras, assuntos estratégicos e desafios, de modo geral, não recomendamos que o processo de assessment seja conduzido internamente.

A credibilidade do trabalho pode ser posta em xeque. E perder-se todo o propósito da iniciativa que é gerar informação, abertura para conversas importantes de desenvolvimento, o lastreamento de decisões estratégicas de investimento e o engajamento dos profissionais participantes da jornada.

Contudo, há empresas que não tem orçamento para a contratação de consultorias especializadas, e ainda assim desejam fazer o assessment de seus profissionais.

Se esse for o caso, recomendamos que o processo seja comunicado a todos os participantes ao mesmo tempo, que se expresse a finalidade do processo, os entregáveis, o tempo de dedicação de cada um para responder às ferramentas e pré-trabalhos, e o que ele pode esperar em termos de cronologia. Isso traz conforto e alinha expectativas entre todos.

WHR Knowledge: Quais são os maiores desafios que as empresas enfrentam ao implementar assessment internamente?

Thaís Pegoraro: Como dito, especialmente, o de credibilidade e confidencialidade das informações. E como essas informações serão utilizadas posteriormente.

 

WHR Knowledge: Como os assessments podem ajudar no desenvolvimento e retenção de talentos?

Thaís Pegoraro: Uma empresa que comunica aos seus colaboradores o que espera deles, em termos de competências e comportamentos, que comunica o quão prontos espera que os executivos estejam para suas funções e seus próximos passos de desenvolvimento, é de fato uma empresa que cuida do seu capital humano.

Quando o assessment é uma prática cultural, será possível observar que a empresa é uma empresa que comunica, mede, faz a gestão dos talentos e os instrumentaliza para que cresçam mais e mais.

E uma das principais alavancas da retenção de talentos de uma empresa é as pessoas se sentirem cuidadas e investidas pela empresa que as emprega.

 

WHR Knowledge: Qual a importância dos assessments na construção de equipes de alta performance?

Ricardo Welikson: É importante buscar a complementariedade nos times. Para isso, é necessário conhecer as diferentes competências inerentes aos colaboradores de uma equipe, de modo que se construa um time versátil e de alta performance. Vale comentar que também é importante conhecer os comportamentos esperados em circunstâncias distintas. Existem instrumentos de assessment específicos para isso.

Thaís Pegoraro: Medir. Medir. Medir. Somente o que medimos podemos gerenciar. Uma equipe de alto desempenho precisa saber onde ela tem que chegar, e especificamente o que falta para que ela alcance o resultado esperado. Quando eu meço e informo, em uma devolutiva de assessment, por exemplo, que comportamentos precisam ser reforçados, abandonados ou continuados, estou reforçando com cada um o grau de entrega que necessito para o alto desempenho estar sempre presente.

E mais – as pessoas percebem a sua melhoria – e querem continuar. Além do alto desempenho, você confirma e reforça o ciclo virtuoso do desenvolvimento, reforçando a medição, e abolindo o achismo, os silos, as fofocas.

 

WHR Knowledge: Quais são os erros mais comuns que você vê as empresas cometendo ao utilizar assessment, seja internamente ou com consultoria especializada?

Thaís Pegoraro: Eu consideraria alguns:

– não definir o “para que medir”

– não desdobrar competências a partir dos valores que a empresa declara, e nem definir o que são os comportamentos observáveis descritivos daquelas competências

– usar competências diferentes para níveis hierárquicos diferentes

– não usar metrificação

– não haver relatório e devolutiva para o participante, mesmo que seja um e-mail ou um painel, ou uma devolutiva coletiva

– compartilhar informações do profissional sem que ele saiba que isso irá ocorrer

– não levantar avalições anteriores para criar contexto

Entre outras.

 

WHR Knowledge: Como garantir a imparcialidade e a objetividade nos resultados?

Thaís Pegoraro: usando consultoria externa renomada, e com expertise para o trabalho, especialmente em níveis hierarquicamente mais elevados e em membros de conselho.

WHR Knowledge: Como o assessment pode ser adaptado para diferentes culturas e realidades organizacionais?

Thaís Pegoraro: ele precisa ser adaptado para cada empresa, tamanho, cultura, momento e finalidade. Para isso muito importante que a pessoa responsável por conduzir o assessment faça conversas prévias com os principais stakeholders da empresa, que escute outros níveis funcionais, que tenha um contexto ou o que chamo de “moldura” para o trabalho.

 

WHR Knowledge: Poderia compartilhar algum case de sucesso onde o assessment foi determinante para o sucesso de uma organização?

Thaís Pegoraro: A maioria é confidencial, mas posso compartilhar um case em que fizemos o assessment de 19 mulheres gerentes executivas, prontas para um próximo movimento de promoção a diretoras, sendo que a empresa tinha somente uma mulher em cargo de direção na empresa, e não queria perder mais nenhuma das 19 mulheres.

O Assessment Executivo foi contratado para que a empresa conhecesse os traços comportamentais dessas mulheres, seus pontos de desenvolvimento, o que as movia e por que valores elas desejariam viver em uma organização.

 

WHR Knowledge: Como a tecnologia está transformando o campo dos assessment?

Thaís Pegoraro: Sob vários aspectos. Desde as plataformas, ferramentas, acessos facilitados, possibilidade de customização e maior rapidez na entrega dos relatórios, comparativos e resultados.

Também se vê a necessidade de medir a consciência digital dos executivos, que é inversamente proporcional ao tempo de carreira.

Em um dos assessments que aplicamos, em uma escala de 0 a 10, em que se comparou o alto executivo a um grupo de controle de mais de 40,000 executivos, a média da nota de consciência digital do executivo brasileira não passa de 4.2

Algo precisa ser feito, uma vez que o mundo já é digital. Ou você aprendeu, ou você ficou para trás. E o maior choque para os executivos é a medição – quando eles recebem a nota e sentem na pele a necessidade de fazer algo a respeito.

 

WHR Knowledge: Quais são as principais tendências em assessment que vocês têm observado?

Ricardo Welikson: De modo geral, assessment tem sido usado como um diagnóstico importante para o desenvolvimento das pessoas. Há também um bom volume de assessment sendo feito para promoção, identificando o quão preparadas aqueles indivíduos estão para um próximo passo em suas carreiras.

Thaís Pegoraro: para além dos aspectos tradicionais, de se medir traços comportamentais, aspectos técnicos, temos visto mais ferramentas para medir a consciência digital dos profissionais e o fit cultural, do profissional com a empresa em que ele trabalha.

Isso se dá por meio da medição dos valores que são enaltecidos pelas pessoas em suas tomadas de decisão. Sabe o que é relevante para elas, e se o mesmo é relevante para a organização.

 

WHR Knowledge: Que conselhos vocês dariam para profissionais de RH que estão começando a utilizar assessments em suas organizações?

Ricardo Welikson: Avalie bem os instrumentos que serão aplicados e entenda o porquê deles em detrimento de outros. Eventualmente mais de um instrumento poderá e deverá ser utilizado. Além disso, se houver uso de consultoria na aplicação desses assessments, esteja seguro de que o/a consultor(a), tenha experiência o suficiente e sensibilidade para leitura dos comportamentos humanos. Mais do que apenas interpretar instrumentos, o fator de análise humana conta muito.

Thaís Pegoraro: Eu acrescentaria: saibam para que querem usar o assessment, e cheque a fidedignidade do algoritmo e da ferramenta usada. A credibilidade da ferramenta pode gerar o sucesso (ou fracasso) do projeto.

 

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